Quase todos sabem que na astrologia chinesa cada ano está associado a um animal, cada um com suas características próprias. O que é menos conhecido é o fato de estarem dispostos em torno de um ciclo de 12 anos. Isto é algumas vezes chamado de "zodíaco chinês", mas os animais não estão diretamente relacionados a constelações específicas no céu como estão os
signos do zodíaco ocidental.
De onde veio a idéia das 12 criaturas do Círculo de Animais? Uma lenda popular na China credita a Buda a origem do sistema, sem dúvida graças a sua celebrada compaixão por todos os seres. Diz-se que um dia ele convidou todos os animais na Terra para visitá-lo, mas somente 12 compareceram ao evento. Como mostra do seu apreço, ele deu a cada animal um ano ao qual ele
estaria associado para sempre. A ordem do ciclo de anos reflete a ordem em que eles chegaram: Rato, Búfalo, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Cabra, Macaco, Galo, Cão e Javali.
O problema com essa história é que Buda nasceu na Índia por volta de 563 a.C. O budismo chegou à China no século V d.C, onde se combinou com o taoísmo para produzir o budismo cha'n, mais tarde conhecido como zen no Japão. A astrologia chinesa, entretanto, é milhares de anos mais antiga.
Outra versão das origens do "zodíaco" chinês dos 12 animais fala da sua origem divina. Nesta versão diz-se que o Imperador de Jade no céu queria saber como eram os animais na Terra. Chamou o seu conselheiro-chefe e disse:
— Já estou reinando no céu há muito tempo, mas nunca vi os animais da Terra. Como eles se parecem? Como se comportam? São inteligentes? Como eles ajudam a humanidade?
O conselheiro-chefe respondeu que os animais na Terra eram incontáveis e que seria impossível ver a todos. Sugeriu convidar os 12 mais interessantes para uma visita ao céu. O Imperador de Jade prontamente concordou.
— E, agora, quais os animais que eu devo convidar? — perguntou-se o
conselheiro-chefe. — Já sei, primeiro eu convido o rato e peço a ele que leve um convite para o seu amigo gato!
Depois de pensar mais um pouco, decidiu convidar também o búfalo, o tigre, o coelho, o dragão, a serpente, o cavalo, a cabra, o macaco, o galo e o cão, pedindo a eles que se apresentassem nos portões do céu às seis horas em ponto da manhã seguinte.
Quando o rato ouviu a novidade, ficou feliz e correu em busca do gato para contar sobre a sorte deles. Como o gato adora se enroscar e tirar uma soneca, seria difícil para ele se levantar cedo. Então pediu ao rato que o acordasse antes das seis. Quando o rato foi para a cama naquela noite, não conseguiu dormir. Ficou se virando e revirando e pensou que o gato era mais esperto se comparado a ele. "Talvez o Imperador de Jade o escolha antes de mim", gemeu. Foi demais, e ele decidiu finalmente não acordar o gato conforme o combinado.
Na manhã seguinte, às seis horas em ponto, todos os outros animais se reuniram nos portões do céu e foram recebidos no palácio imperial pelo conselheiro-chefe.
O Imperador de Jade a princípio ficou feliz com todos os animais, mas quando começou a contá-los, seu semblante se fechou.
— São todos muito interessantes, estou vendo, mas por que são somente 11 animais? Você disse que seriam 12.
O conselheiro-chefe tremeu e falou sem pensar:
— Deve haver algum engano, majestade, espere um momento que eu vou verificar.
Correu para fora e ordenou ao seu servo que descesse até a Terra e pegasse o primeiro animal que aparecesse. E foi assim que o servo encontrou um velho fazendeiro que levava o seu javali para o mercado. Quando ouviu que o Imperador de Jade gostaria de ver o seu javali, o homem ficou feliz em servi-lo.
Enquanto isso, o rato estava tão preocupado em não ser notado que pulou nas costas do búfalo e começou a tocar flauta. O imperador sorriu e ficou encantado. Quando chegou a hora de colocar os animais em fila, ele decidiu dar ao rato o primeiro lugar. O segundo foi dado ao búfalo, por ser tão generoso e ter permitido que o rato se instalasse sobre as suas costas. O terceiro foi dado ao tigre, porque era muito corajoso; o quarto coube ao coelho, porque tinha um pêlo lindo; e o quinto ao dragão, por causa de sua energia ígnea. A serpente, com seu belo corpo
sinuoso, recebeu o sexto lugar; e o cavalo, com sua postura bonita, o sétimo.
A cabra ficou com o oitavo em razão de seus fortes chifres; o macaco recebeu
o nono porque era muito ágil; o galo foi o décimo, por causa de suas esplêndidas penas; e o cão recebeu o 11° lugar, porque permanecia vigilante.
E o javali ficou no fim da fila, perplexo, porém feliz por ter sido repentinamente convidado para ir até o céu. Recebeu o 12° lugar, o último, mas não menos importante.
Depois que o imperador havia inspecionado os animais e o desfile terminara o gato repentinamente chegou ao céu e começou a bater no portão o mais alto que podia. Infelizmente, as patas de um gato não são muito boas para bater em portas, e passou muito tempo até que conseguisse chamar a atenção de alguém.
Quando o conselheiro-chefe finalmente abriu os portões, o gato exclamou sem fôlego:
— Sinto muitíssimo, estou atrasado. Dormi demais, senhor. O rato deveria ter me acordado, mas não o fez.
— Eu também sinto muito — disse o conselheiro-chefe. — Mas o senhor perdeu a viagem. Nós já temos todos os animais de que precisamos, obrigado.
— E fechou os portões com estrondo no focinho do gato.
Este ficou furioso. Nunca perdoou o rato, e é por isso que até hoje gatos e ratos não se dão um com o outro.
Peter Marshall(WORLD ASTROLOGY)
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